IESA - (Re)Pensando Direito - Ano 3 Nº 7 - page 231

(RE) PENSANDO DIREITO
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ACOMPREENSÃODATRANSFORMAÇÃODAFAMÍLIA,NATEORIADEHUMBERTOR.MATURANAEOPRINCÍPIODADIGNIDADESOBREOAFETO (AMOR)
sociais aqueles que vivem em comunidade, compartilham
alimentos, alimentam-se mutuamente, não se atacam entre si e,
continuamente, constituem espaços de convivência e se aceitam
na convivência. Como isto começa na história evolutiva? Começa
de uma maneira muito curiosa. Em algum momento, as fêmeas
põem ovos e ficam perto deles, tocando-os, manuseando-os e
chupando-os porque têm secreções deliciosas. Permanecem em
interações recorrentes com seus ovos, e o que se conserva na
história evolutiva são as interações recorrentes com os ovos. À
medida que isso se conserva, tudo começa a se transformar em
torno da conservação dessas interações recorrentes, e temos os
insetos sociais, tão complexos como as formigas de várias tipos.
Pode não haver interações recorrentes: se a fêmea come os ovos
não acontece nada, não há aí um espaço de convivência; se a
fêmea come as larvas quando estas saem, não há um espaço de
convivência, há predação, já que o que está acontecendo não é
abrir um espaço de presença do outro junto a si. A essa disposição
corporal que torna isso possível aplico a palavra amor, como no
espaço humano (MATURANA, 2001, p. 87).
Maturana relata algo sobre a história humana, a história dos
hominídeos, usando exemplos sobre o estabelecimento da linguagem
em comunidades humanas/não humanas experimentalmente
produzidas. A observação de Maturana à ascensão do social alerta
que os seres humanos vivam novas possibilidades de pensar a vida
pública e por que não a afetiva, novos horizontes de um viver juntos,
os quais têm implicações diretas nos direitos humanos. “A dignidade
pressuposta nessa concepção é natural, biológica, no qual o homem,
não é visto como detentor de uma personalidade jurídica, como capaz
de falar e agir, mas como um ser ao qual deve ser garantida a vida na
sua nudeza naturalística” (AGUIAR, 2002, p. 16).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desta forma, percebe-se que Maturana observa que a vida
humana, como toda vida animal, é vivida no fluxo emocional que
constitui, a cada instante, o cenário básico a partir do qual surgem
nossas ações. Além disso, a emoção do ser humano (desejos,
preferências, medos, ambições...) e não a razão é que determina, a
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