IESA - (Re)Pensando Direito - Ano 3 Nº 7 - page 229

(RE) PENSANDO DIREITO
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ACOMPREENSÃODATRANSFORMAÇÃODAFAMÍLIA,NATEORIADEHUMBERTOR.MATURANAEOPRINCÍPIODADIGNIDADESOBREOAFETO (AMOR)
cibernética (sistémica) aplicada ao social seja um complemento básico
para tais funções (MATURANA, 1995). Conforme o autor,
no zoológico do Bronx, em Nova Iorque, há um grande pavilhão
especialmente dedicado aos primatas. Lá podemos ver de perto
chipanzés, gorilas, gibões e muitos macacos do Velho e Novo
Mundos. No entanto, nossa atenção é atraída para uma cela
separada, nos fundos do pavilhão, cercada por fortes grades.
Quando nos aproximamos, lemos a seguinte placa: ‘O primata
mais perigoso do planeta’. Ao olhar por entre as grades, vemos,
com surpresa, nosso próprio rosto. Esclarece o letreiro que o
homem já destruiu mais espécies sobre o planeta do que todas
as outras espécies conhecidas. De observadores, passamos a
observados (por nós mesmos). Mas o que vemos? Ver nosso
reflexo no espelho é sempre um momento muito peculiar, pois
é quando tomamos consciência daquele nosso aspecto que não
podemos conhecer de nenhuma outra -maneira - como quando
revelamos o ponto cego, que nos .mostra nossa própria estrutura,
ou quando suprimimos a cegueira que ela acarreta, preenchendo
o vazio. A reflexão é um processo de conhecer como conhecemos,
um ato de nos voltarmos sobre nós mesmos, a única oportunidade
que temos de descobrir nossas cegueiras [...] (MATURANA, 1995,
p. 67).
Instiga-nos a refletir a real relevância da dignidade da pessoa
humana por meio de uma situação especial de compreender a nossa
vida pessoal que é cega a si mesma. Na verdade, a ignorância de não
nos conhecermos é uma vergonha (MATURANA, 1995).
Todo ser humano sempre fez o que quis, mesmo quando diz que
é forçado a fazer algo que não quer. O que acontece nesse último
caso é que se quer as consequências que irão ocorrer se fizer o que
diz que não quer fazer. Isto é assim porque os desejos, conscientes
e inconscientes, determinam o curso da vida e o curso da história
humana, O que se deseja conservar da vida é o que determina
o que pode e o que não pode mudar na vida de cada ser humano.
Ao mesmo tempo, é por isso que frequentemente esse não reflete
sobre seus desejos. Se não vê os desejos, pode-se viver sem se
sentir responsável pela maior pane das consequências do que se faz
(MATURANA, 2001).
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