IESA - (Re)Pensando Direito - Ano 3 Nº 7 - page 226

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Ano 4 • n. 7 • jan/jun. • 2014
JúliaFrancieliNevesdeOliveira - JoelsioNevesdeOliveira
Quer-se educar filhos para a cidadania em um modelo de Estado
Democrático de Direito, educar filhos a partir de formas familiares nas
quais se exercita e se pratica a democracia, cada qual demandando
reconhecimento e respeito às suas origens, valores e ideias,
reconhecendo o multiculturalismo como uma proposta ética e filosófica
do respeito mútuo que merece cada uma de todas as culturas e
estruturas familiares. Nessas, o surgimento da nova estrutura familiar,
denominado de plural, é a superação do paradigma metafísico-
essencialista, ou seja, a descoberta do indivíduo, a afirmação da
razão individual e da subjetividade, fatores decisivos para a mudança
de comportamento.
O descobrimento da identidade torna-se algo essencial, em
relação às transformações principalmente familiares. Segundo
Maturana,
a identidade de um sistema, isto é, o que define um sistema
como um sistema de um tipo particular, não é uma característica
intrínseca a ele. A identidade de um sistema é constituída e
conservada como uma maneira de funcionar como um todo
nas interações recursivas do sistema no meio que o contém. A
constituição e a conservação da identidade de um sistema são
fenômenos sistêmicos dinâmicos que ocorrem mediante as
interações recursivas do sistema com os elementos do meio.
Além disso, um sistema surge quando a configuração de relações
e interações que o definem começa a ser sistemicamente
conservada através das próprias interações do sistema no meio,
num processo que eu chamo de organização espontânea. Ao
ocorrer isto, o fluir das mudanças estruturais internas do sistema
torna-se subordinado à conservação da operação do sistema
como um todo, nos termos que descrevi acima quando falei
sobre nossa origem humana. No fluir das sucessivas gerações
de sistemas vivos, o resultado disso é que a estrutura interna (a
corporalidade) dos membros de uma linhagem particular torna-se
mais e mais subordinada à realização da identidade conservada
na linhagem. Em nós, seres humanos, a cultura em que vivemos
constitui o meio no qual somos realizados como seres humanos, e
nos transformamos em nossas corporalidades no curso da história
de nossa cultura, de acordo com a identidade humana que surge
e que é conservada nessa cultura (MATURANA, 2001, p. 180).
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