IESA - (Re)Pensando Direito - Ano 3 Nº 7 - page 206

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Ano 4 • n. 7 • jan/jun. • 2014
MayaraPellenz - AnaCristinaBacegaDeBastiani
abandonando os ranços que são característicos de um espírito
escravizado. Diz Zygmund Bauman que
para o homem pós moderno, perseguir seus objetivos de vida,
é um direito e um dever humano. Antes que a liberdade tivesse
chance de introduzir a humanidade e todos os seus membros
no mundo da autonomia e da autoafirmação, essa humanidade
precisava ser libertada da tirania (2011, p. 118).
Esse rompimento representou um grande avanço na história. Os
ideais de liberdade provocaram mudanças significativas no contexto
social em prol de uma nova organização: um modelo de Estado
liberal, sustentado nos pilares da cidadania e democracia. Entretanto,
os desafios dos novos tempos ensejam transformações profundas
na forma como o homem interage com seus semelhantes e com o
meio em que vive. Os conflitos que são característicos desses novos
tempos estão em evidência. “Vivemos em tempos difíceis, pois a
própria liberdade do ser humano está em crise” (BAUMAN, 2011, p.
21).
Assim, mostra-se evidente uma necessidade de modificação no
rumo tomado pelo homem para seguir este caminho de evolução já
que por muito tempo o homem canalizou seus esforços e suas ações
em razão das suas próprias vontades e necessidades: o individualismo
exacerbado provocou o distanciamento das pessoas interessadas
somente no seu bem-estar, no crescimento patrimonial e pessoal, seu
e da sua família. Princípios tais como de comunidade, respeito, cuidado
com seus semelhantes, observados em sociedades primitivas, por
exemplo, não fazem parte deste contexto. Apreocupação com a própria
vida, desejos e anseios passaram a ocupar toda a energia do homem.
Perseguir os próprios objetivos, ter liberdade para errar e acertar, ser
dono da própria vida, escolher este ou aquele caminho, entre outros,
são hoje sinônimo de felicidade. Não ser feliz é justamente ter tolhido
todos esses impulsos e ser privado das próprias vontades, bem como
ser diferente, estar fora dos padrões da sociedade e, por esse motivo,
ter negado a dignidade e o respeito.
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