Palavra doMestre
médio uma tendência à intolerância
mais significativa do que em outras
fases. Isso se dá pela necessidade de
definições de um caminho a seguir
e pelas dúvidas que surgem devido
ao fato de a vida mostrar-lhes vários
caminhos e a escolha certa ser mais
complicada do que parece. Na sede de
uma referência mais notória e simples,
o adolescente busca uma convivên-
cia de forma tribal, procura grupos em
que haja alguma identificação, que ge-
ralmente exigem um comportamento
peculiar, e aquele que não aceita está
fora: são as chamadas tribos urbanas.
Esses núcleos sociais estão repletos de
regras fascistas e preconceituosas to-
lhendo a liberdade dos jovens que se
envolvem, os quais aderem pela ne-
cessidade de um caminho a seguir.
A escola deve ser o lugar ideal para
preencher o vazio da adolescência,
afinal é nessa fase que eles a frequen-
tam. Mas a falha é que a escola, mui-
tas vezes, é justamente o lugar onde
o adolescente não é valorizado e en-
tendido como indivíduo. Ainda exis-
tem muitos professores que preferem
condenar o aluno com frases feitas,
como: “Não tem mais jeito”; “São uns
animais”; “Estão impossíveis”, a se en-
volverem de fato com os problemas
da sala e de determinados alunos com
casos de notas baixas, que podem es-
tar relacionados a situações de ordem
emocional, familiar ou existencial. A
participação do aluno na construção
das soluções dos seus problemas e da
sala deve, também, ser valorizada pelo
professor. É umexercício valioso para a
atuação futura do educando na socie-
dade em que vive.
Possíveis Soluções
Um indivíduo capaz de enfrentar pro-
blemas é aquele que possui uma boa
autoestima e segurança nos seus va-
lores, educação e cultura. Muitos pro-
jetos executados nas favelas, onde
pessoas carentes residem, estão liga-
dos à arte, seja ela folclórica, pictórica
de vanguarda, clássica, entre outros.
Descobrir a sua capacidade criativa
leva o homem a estabelecer laços de
contribuição para com o grupo, aju-
dando-o a descobrir as potencialida-
des dos membros de sua comunidade,
buscando em suas raízes e em sua his-
tória a valorização de seus costumes e
tradições.
A arte também aguça a sensibilidade,
produzindo no homem a curiosidade
por conhecer a arte de outras cultu-
ras, gerando nele respeito e apreço
pelo fazer artístico e cultural de outros
povos. O envolvimento com esse tipo
de atividade pode trazer para a esco-
la bons resultados na educação dos
alunos, mas a construção artística na
escola ou na academia não tem valor
para os objetivos de encontro da au-
toestima se o aluno não estiver parti-
cipando de sua construção. A eles tem
de ser dada a oportunidade de trazer
para o lado de dentro da escola estilos
de produção artística comunitária que
eles conhecem. Depois o professor se
apropria e orienta quanto à adequação
aos objetivos dos eventos. Nesse caso,
o purismo erudito deve ser colocado,
dentre outros conhecimentos, como
informações a serem dadas com o in-
tuito de enriquecimento para os obje-
tivos, e não como sendo o único meio
a se chegar à informação.
Estamos em um mundo onde a es-
pecialização é o objetivo do mercado
de trabalho. As exigências estão cada
vez mais estreitas; nossos alunos es-
tão comprimidos em um universo de
regras para se encaixar na sociedade.
As academias e as escolas estão cada
vez mais empenhadas em “treinar”
para vestibulares e concursos públicos,
deixando de lado a pluralidade do ser
humano. Com essa prática, ajudamos
a “enlatar” nossos alunos em padrões
preestabelecidos. Para que possamos
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• ANO 04 • Nº 01 • MARÇO DE 2015