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ANO 04 • nº 01 • MARÇO de 2015 •
ca com que conduzimos o processo
educativo, muito distante das necessi-
dades e desejos dos estudantes.
Portanto estamos diante de gran-
des desafios na educação. As práticas
construídas e vivenciadas pelos adul-
tos, sejam pais, sejam professores, não
mudam nem se adaptam na mesma
celeridade em que as crianças e jovens
a solicitam. Não sejamos mal enten-
didos, pois não se trata de abandonar
valores humanos perenes, como ética,
respeito, honestidade, entre outros;
nem de renunciar a conhecimentos
que a humanidade acumulou e que
a fez compreender melhor a vida ou
solucionar seus problemas. O que pre-
cisamos é ressignificar esses valores
e conhecimentos para que a vida de
nossas crianças e jovens adquira senti-
do de ser. Esse é o grande desafio.
Nesse sentido, as famílias precisam
rever seus modelos. A quantidade do
tempo dispensada com meios tecno-
lógicos ou frente às televisões precisa
ser melhor administrada. É salutar que
a família tenha o hábito de reunir-se
em ambiente fora desses meios para
poder conversar sobre assuntos dos
mais diversos, sejam de fórum íntimo,
sejam de questões sociais, econômi-
cas, políticas, meio ambiente, valores,
entre outros. As crianças e os jovens
que tiverem esses momentos de di-
álogo na família, com certeza, terão
adquirido as bases diferenciadas como
pessoas, cidadãos e profissionais, além
de estarem melhor preparados para
argumentar e refletir no contexto edu-
cacional.
Ademais, o ambiente educacional pre-
cisa ser repensado desde a arquitetura
externa até a arquitetura interna – o
formato quadrado das salas de aula
e, entre outros, a posição das cartei-
ras, colocadas umas atrás das outras.
Os ambientes precisam proporcionar
a interatividade entre as pessoas. Não
estamos falando de ambientes de luxo,
mas sim de ambientes aconchegantes,
bem cuidados e que proporcionem
aos estudantes, junto com os pro-
fessores, a construção de novas
compreensões e o exercício para
o desenvolvimento de mentes in-
vestigativas.
Somado a isso, entra em análise
uma outra abordagem: a forma-
ção e as práticas dos professores.
Historicamente a formação e as
práticas pedagógicas foram pau-
tadas no professor como detentor
de conhecimento e de informa-
ções, tendo como missão tornar o
estudante capaz de memorizar o
maior número possível de dados,
sendo capaz de reproduzi-los,
normalmente nas avaliações.
Essa prática, no entanto, está ultra-
passada. Hoje o professor precisa
conhecer os referenciais teóricos
(fórmulas, leis, conceitos) com os
quais trabalha de forma sistêmica.
Necessita conhecer o sentido de
ser e a utilidade desses referenciais
na vida dos estudantes. Com esse
conhecimento, o professor se pre-
ocupa em encontrar problemas
significativos na vida dos estudan-
tes, a partir dos quais possa provo-
car neles o desejo e a necessidade,
tornando-se o referencial teórico a
luz para que os estudantes possam
“Ogrande desafio
no contexto
educacional, tanto
na família como
na escola, não é
proibir o uso dos
meios tecnológicos,
mas simmudar
nossa didática
nos processos
educacionais.”
compreender ou resolver problemas
sempre novos de forma fundamenta-
da. Muda, portanto, a prática: antes a
teoria servia para ser repassada e de-
corada; agora ela se torna referência
para que os estudantes possam com-
preender e resolver problemas do seu
tempo.
Assim, saem de cena os verbos “deco-
rar” e “repetir” e entra em cena a ca-
pacidade, por exemplo, de argumen-
tar, analisar, compreender, reconstruir,
aplicar, entre outras. Agora o professor,
em vez de passar informações e co-
brar a repetição, torna-se um media-
dor, provocando os estudantes com
problemas significativos e orientando
o processo para que eles investiguem,
construam a compreensão ou solu-
ção, embasados nos referenciais teóri-
cos. Desse modo, o professor assume
o papel de coordenador e mediador
do processo. Os estudantes, por sua
vez, têm múltiplas formas, através da
tecnologia, de buscar informações,
referenciais teóricos para fundamentar
de forma qualificada os seus argumen-
tos. Portanto, esclarecendo, não esta-
mos excluindo as tecnologias; pelo
contrário, elas precisam estar inseridas
nas práticas pedagógicas como ferra-
mentas.
O grande desafio no contexto educa-
cional, tantona família comona escola,
não é proibir o uso dos meios tecnoló-
gicos, mas sim mudar nossa didática
nos processos educacionais em que
nós, pais e professores, problematiza-
mos a realidade com os estudantes;
os estudantes, por sua vez, utilizando-
se de todos os meios que têm dispo-
níveis (internet, lousas etc.), buscam
referenciais teóricos para apresentar
novas compreensões e soluções, não
por achismos, mas fundamentados em
leis, fórmulas e conceitos teóricos.
São algumas reflexões, entre tantas
outras, que, se metodologicamente
bem desenvolvidas, podem ajudar a
todos que, nas famílias ou nas insti-
tuições educacionais, se ocupam da
educação nos dias atuais.