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• ANO 04 • nº 01 • MARÇO de 2015
UmOásisem
minhavida
José da Silva Ramos – Timbaúba/PE
Colégio Cenecista Rodolfo Ferreira Lima – Timbaúba/PE
Na seção Histórias de Vida desta edição, o veterano cenecista José Ramos apresenta
sua trajetória marcada por dedicação, voluntariado e pela atuação em diversos cargos:
professor, instrutor de banda, treinador esportivo, diretor e vice-diretor, inteirando 54
anos de uma cativante história. Vale a pena conferir!
Histórias de Vida
N
asci no dia 1º de abril de 1947, na
cidade de Itabaiana/PB, e sou ra-
dicado em Timbaúba/PE, desde 1948.
Cursei Licenciatura curta em Ciências,
com habilitação em Matemática, na
Faculdade de Formação de Professo-
res de Nazaré da Mata, pertencente à
Universidade de Pernambuco (UPE).
No final dos anos 50, namaioria das ci-
dades do interior, aqui no Nordeste, só
havia escola pública com graduação
“Primária”, hoje Ensino Fundamental
I, por conseguinte, os estudantes po-
bres, como eu, não vislumbravam uma
chance de cursar o “Ginasial”, atual
Ensino Fundamental II, e muito me-
nos o Segundo Grau, ou Ensino Médio
(Científico, Clássico e Pedagógico).
Aqui em Timbaúba, quando os alunos
pobres concluíamo Primário, procura-
vamalgumpolítico a fimde “mendigar”
uma bolsa de estudos para as escolas
particulares; quando não eram atendi-
dos, encerravam ali mesmo a carreira
estudantil e dedicavam suas vidas ao
trabalho pesado. As perspectivas eram
pouquíssimas.
Eu vivia na obscuridade, como sim-
ples menino, ajudante de sapateiro, o
chamado “lambe sola”. Nas folgas, car-
regava cesto na feira, angariando um
trocado para não perder o “seriado” do
cinema, e ajudava meu pai na oficina
de selas para cavalos.
Com o advento do fenômeno cene-
cista, os horizontes foram se abrindo. A
gigantesca inibição pouco a pouco foi
sumindo, por meio das participações
em gincanas artístico-culturais, grê-
mios literários, jogos “ginásios-cole-
giais”, Olimpíadas Cenecistas Internas
e, principalmente, a vivência na Banda
Marcial do Colégio, espelho e orgulho
nosso, de grandes apresentações em
Pernambuco e Estados vizinhos, an-
siosamente aguardada nas datas cívi-
cas e religiosas, efusivamente aplaudi-
da por todos. Sem restrição alguma, é
a minha grande paixão – são 53 anos
de regência e, ainda assim, a emoção
me invade a cada tocata.
Oostracismo foi ficandode lado e com
ele o medo; agora eu e meus irmãos
cenecistas tínhamos a nossa identida-
de, e o mais novo “bebê” de Dr. Felipe
já incomodava, pela conduta moral e
qualidade de ensino, ganhando com
isso ferrenhos adversários; também
pudera, vencíamos tudo!!!
Comecei a lecionar Matemática, de
forma particular, quando fazia o pri-
meiro ano Científico, sem remune-
ração, é claro, só pra ajudar alguns
colegas. A notícia foi correndo, fui
atendendo alunos não só do Cene-
cista, de repente, estava substituindo
Ocenecista José Ramos no início
de sua carreira