Segunda-feira, 30 de Maio de 2011

Nathália Minaré, ex-aluna do Zezão, brilha na Fuvest (30 05)

Redação digitada (não oficial)

Vantagens a longo prazo

Embora pareça paradoxal, a regressão das relações sociais resultante do grande desenvolvimento científico e cultural é compreensível: quanto mais avançado e poderoso o meio, mais individualistas tornam-se seus membros, com interações cada vez mais artificiais e mediadas por vantagens particulares. Não há mais constantes atitudes altruístas ou considerações coletivas a longo prazo; contudo, por serem vitais para evitar colapsos sociais, é imprescindível - e possível - restabelecê-las sob perspectivas individuais que acarretam contagiantes benefícios para todos os envolvidos.

Por terem fracassado ao longo da história, as manifestações coletivas de luta por ideias de melhoria da vida coletiva cederam espaço para a convivência restrita com egoísmos e concorrentes aspirações a prestígios e superioridades. Nesse caso unilateral, não é a sociedade a responsável pela corrupção de sentimentos humanos, e sim o próprio homem que revela seus males: na competição pela melhor sobrevivência, o instinto da preocupação com o outro mostra-se bastante desvantajoso perante a possibilidade de vencer sozinho. Na verdade, a sobreposição do instinto privado ao público é mais natural que a tendência natural do altruísmo - o que o fez se restringir ao sinônimo de extrema (e rara) bondade, comumente relacionado a personalidades do passado, como Gandhi, Madre Teresa ou Path Adams. Na atualidade, se já não tem sido efetiva a atenção e responsabilidade pelo cativado, dificilmente o será pelo desconhecido.

Apesar disso, existem manifestações altruístas validades e marcantes - ainda que afetados por vantagens particulares. Primeiramente, porque não é real a possibilidade de vencer sozinho - receber solidariedade sem exercê-la. Aliás, a sociedade entraria em colapso se apenas houvesse interesses unitaristas para movê-la; sentimentos alheios ao egoísmo são importantes no estímulo ao caráter altruísta: fortes amizades, uniões familiares e até benefícios profissionais deixam a competição social mais humana, suscetível à necessidade da atuação do outro e, por consequência, do bem-estar do mesmo.. Por fim, embora difícil, é necessária a renúncia, o sacrifício, mesmo que em prol de um pequeno grupo particular: para um mundo saturado de superficialidades interpessoais, qualquer atitude que remete ao plural é mais benéfica para cada indivíduo.

Assim, há lugar para o altruísmo e para o pensamento a longo prazo no mundo contemporâneo se atrelado a sentimentos externos de caráter e vantagens explícitas. Afinal, por mais que seja seu próprio "lobo", o mais paradoxal ao homem é a cegueira de insistir em viver (e vencer) sozinho em sociedade.

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