Sexta-feira, 27 de Janeiro de 2012

O plano do Ministério da Educação (MEC) de elaborar um currículo nacional único para a educação básica, anunciado no mês passado, despertou reações diversas por parte de pesquisadores e profissionais da área. Em geral, a iniciativa é recebida com otimismo, mas o processo pelo qual esse currículo será definido e os mecanismos para torná-lo efetivo causam dúvidas e preocupações. O Brasil já possui orientações para uma base curricular comum, mas os especialistas são unânimes ao afirmar que os documentos existentes são genéricos demais, causando uma grande variação nos conteúdos ensinados aos alunos em todo o país.

Nos últimos anos, o mais próximo ao que se chegou do atual plano foram os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), criados em 1996, obrigatórios à rede pública e opcionais às escolas particulares. Suas diretrizes foram refeitas várias vezes, mas ainda assim não chegaram a indicar conteúdos. "Eles falam de princípios, de áreas, mas são realmente muito gerais e não delimitam um mínimo a ser trabalhado", afirma a coordenadora do curso de Pedagogia nas Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil), Paulla Helena de Carvalho.

Exames

Sem um norte comum, as redes estaduais, municipais e privada vêm definindo com plena autonomia os tópicos a serem trabalhados nas disciplinas de Português, Matemática e Ciências, por exemplo. Mas o que parece ser um aspecto positivo de respeito à diversidade nacional tem consequências ruins aos estudantes, especialmente aos que participam de testes como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a Prova Brasil, nos quais são cobrados conteúdos que muitos alunos não chegaram a estudar.

"Esse é o lado bom da unificação curricular. Se os conteúdos forem obrigatórios para todos, as escolas não serão pegas de surpresa e os alunos não serão prejudicados", comenta Paulla. Para a professora, as principais questões nessa discussão são como os conteúdos ou as expectativas de aprendizagem serão definidos e quem será responsável por isso. "Na época dos PCNs, as ideias vieram prontas, faltou debate. Uma unificação curricular exige a participação de toda a sociedade, nem que seja de forma representativa", enfatiza.

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